segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Miragem


Miragem
O calor do sol estalando os gravetos secos
Os cactos reluzindo os espinhos ressequidos
Do chão subindo um vapor quente que altera a paisagem
Que cansaço!
Sinto os grãos de areia
Tocar minha pele
Sendo trazido pelo vento quente
Despertando-me ao som dos coiotes
Reluto para não abrir os olhos
Sentindo medo dos vultos
Oh! Por favor, despertem-me
Mas faça-o devagar
Toquem mansamente o meu rosto
Com uma pena de corvos
Deixem-me abrir os olhos depois de despertar o coração
Ah! Quanto dor
Sinto uma lágrima tão quente quanto às lavas de um vulcão
Escorrendo sobre minha pele
Enrijecendo-a impedindo qualquer expressão de sorriso ou dor
Enfim, abro os olhos lentamente.
Fixando-os no crepúsculo do ultimo revoar das aves
Sinto movimentos lentos nas pernas e braços
Levanto-me do chão e vou
Andando e chorando deixando os rastros na areia quente.

Roseli Agda

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